O Chianti é um dos mais famosos vinhos da Toscana, ao lado do Brunello di Montalcino e dos Vinhos Supertoscanos.

A DiVinho preparou esse artigo com tudo o que você precisa saber para descobrir qual é o melhor Vinho Chianti, confira! 

O Que é o Vinho Chianti?

De forma simples, pode-se definir o Chianti como um vinho tinto, elaborado dentro da região vitivinícola da Toscana, no centro da Itália, tendo como base a uva Sangiovese, mas o Vinho Chianti é muito mais que isso.

Além da uva Sangiovese, podem entrar, também, no corte do vinho as uvas autóctones italianas Canaiolo e Colorino, e as uvas internacionais Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah.

Existem quatro tipos principais de Chianti, uma classificação que relaciona-se ao seu tempo de envelhecimento. A saber, Chianti, Chianti Superiore, Chianti Riserva e Chianti Gran Selezione.

Dentro da D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida) de Chianti, na Toscana, existem oito sub-regiões, sendo Chianti Classico a mais conhecida. 

Sangiovese
Sangiovese

Qual é a História do Vinho Chianti?

A história do Chianti está entrelaçada com a própria história da Toscana, uma das mais antigas regiões vitivinícolas de toda a Itália. 

A viticultura na Toscana remonta ao século VIII a.C., quando os etruscos ocupavam a região,  produzindo vinhos que eram comercializados com o sul da Itália e com a antiga região da Gália.

Entre a queda do Império Romano e o início da Idade Média, quem assumiu a produção do vinho na região foram os monastérios católicos, como também aconteceu em outras partes da Europa.

Com a ascensão das classes aristocráticas e de mercadores, foi estabelecido o sistema de Mezzadria ou Métayage. Nesse sistema, o proprietário das terras fornece a terra e os recursos para o plantio em troca de metade da safra anual.

Muitos proprietários de vinhedos na Toscana optaram por transformar metade da sua produção de uvas em vinho, que, por sua vez, era comercializado pelos mercadores de Florença. 

É nesse cenário, que, em 1398, surge o primeiro registro de um vinho branco, com o nome Chianti, comercializado pelo mercador Francesco di Marco Datini.

Francesco di Marco Datini
Francesco di Marco Datini

Eventualmente, o Chianti evolui para um vinho tinto, mas sem gozar de muito sucesso. Isso pode ser explicado pelos problemas com a realização da fermentação completa do vinho pelos produtores da Idade Média, que resultava em uma bebida com ligeira efervescência.

As primeiras tentativas de regularizar a produção do Chianti remontam ao ano de 1427, mas foi somente três séculos mais tarde que iniciou-se a era moderna do Chianti.

Em 1716, o Grão-Duque da Toscana, Cosme III de Médici, foi o responsável por delimitar a área de produção do Chianti, que, no futuro, tornaria-se o coração da sub-região de Chianti Classico.

Nessa época, o Chianti tinha a Canaiolo como uva principal em seu corte. A “fórmula” moderna do Chianti, com a uva Sangiovese como estrela, é atribuída ao Barão Bettino Ricasoli, no ano de 1876.

Barão Bettino Ricasoli
Barão Bettino Ricasoli

Ricasoli teria escolhido a Sangiovese como uva principal do corte por ser uma variedade bastante aromática. Com a Canaiolo suavizando os taninos firmes da Sangiovese. Uvas brancas também eram incluídas no corte, uma prática que foi proibida no final do século XX.

Ainda hoje, a família Ricasoli produz vinhos sobre o nome Barone Ricasoli, como o Vinho Barone Ricasoli Chianti del Barone.

O advento da praga Filoxera, na segunda metade do século XIX, somada à Diáspora Italiana, um movimento de migração em grande escala da população para fora do país, contribuíram para uma grande desorganização da produção vitivinícola da Toscana.

Foi nesse cenário, que, até a metade do século XX, o Chianti foi perdendo qualidade, sendo conhecido como um vinho barato, comercializado em uma garrafa de corpo redondo e fundo, parcialmente ou completamente coberta com uma cesta de palha, chamada “Fiasco”

Garrafas Fiasco
Garrafas Fiasco

Durante as décadas de sessenta e setenta, muitos produtores da Toscana começaram a adicionar variedades internacionais no corte de seus vinhos, como a uva Cabernet Sauvignon, e a realizar o envelhecimento em pequenas barricas de carvalho.

Esses vinhos acabaram ficando conhecidos como Supertoscanos, por não seguirem as regras de produção da região.  

Dica DiVinho: Confira nosso artigo sobre os Supertoscanos – Os Vinhos Fora da Lei da Toscana!

O sucesso dos vinhos Supertoscanos contribuiu para flexibilização das regras da D.O.C.G. de Chianti, permitindo a produção de vinhos elaborados 100% com a uva Sangiovese, por exemplo.

Novas e modernas técnicas de viticultura, como o uso de sistemas de treinamento das videiras e do manejo do dossel vegetativo, assim como, novas técnicas de vinificação, como a fermentação em tanques de cimento e o envelhecimento em barris novos de carvalho, contribuíram para o aumento exponencial da qualidade dos vinhos Chianti. 

Hoje, o Chianti figura na elite do vinho italiano, concorrendo, em pé de igualdade, com os outros grandes vinhos do país, como o Brunello di Montalcino, o Barolo, o Barbaresco e o Amarone. 

Tanques de Cimento
Tanques de Cimento

De onde vem o nome Chianti?

Não se sabe ao certo qual é a origem do nome Chianti, mas existem duas teorias que são as mais aceitas atualmente. 

A primeira teoria é que o nome Chianti seria derivado da palavra etrusca “Clante”, também grafada como “Clanti”.

Os etruscos eram um povo que habitou a Itália antes da ascensão do Império Romano. Em sua linguagem, Clante significava enteado, afilhado ou filho adotivo. Tendo o termo, por sua vez, evoluído da palavra “Clan”, que significa filho.  

A outra teoria é que Chianti, na verdade, seria uma derivação de Clangor, que é o som estridente de instrumentos metálicos, principalmente, da trombeta.

Outros historiadores, entretanto, defendem que Chianti seria um sobrenome muito comum na Toscana, e que, assim, teria sido utilizado para descrever os vinhos produzidos na região.  

Trombetas
Trombetas

Quais são as características do Vinho Chianti?

Como já mencionamos, existe mais de um tipo de Chianti, mas todas as variações deste grande vinho apresentam algumas características em comum. 

Visualmente, o Chianti apresenta coloração rubi intensa, uma característica típica da uva Sangiovese. Quando envelhecido, costumam surgir nuances amarronzadas e alaranjadas, puxando para o tom de tijolo.

No nariz, os vinhos jovens contam com aromas de frutas vermelhas, como groselha, framboesa e ameixa, além de notas de especiarias. O envelhecimento traz à tona nuances terrosas e toques de flores secas.

Em boca, o Chianti é um vinho de médio corpo, com ótima acidez e taninos maduros. Essas características fazem dele um ótimo companheiro à mesa. 

Coloração Rubi
Coloração Rubi

Quais são os tipos de Vinho Chianti?

Existem duas principais divisões na classificação do Chianti, a primeira sendo em relação ao tempo de envelhecimento e a segunda faz referência a sub-região em que as uvas são oriundas, todas dentro da Toscana.

Em relação ao tempo de envelhecimento, são quatro divisões: Chianti, Superiore, Riserva e Gran Selezione. A classificação Gran Selezione é somente utilizada na D.O.C.G. de Chianti Classico 

  • Chianti: envelhecido durante um período mínimo de seis meses;
  • Chianti Superiore: envelhecido durante um período mínimo de um ano;
  • Chianti Riserva: envelhecido durante um período mínimo de dois anos;
  • Chianti Gran Selezione: envelhecido durante um período mínimo de dois anos e meio. 

Como mencionado, a região de Chianti é divida em oito sub-regiões: Classico, Colli Aretini, Colli Fiorentini, Colli Senesi, Colline Pisane, Montalbano, Montespertoli e Rufina.

Toscana
Toscana

Chianti Classico

A sub-região de Chianti Classico fica localizada entre as cidades de Florença e Siena. É, sem sombra de dúvidas, a sub-região mais conhecida e tradicional de Chianti. 

A área foi demarcada pela primeira vez em 1716, por Cosme III de Médici, sendo expandida em 1936. 

Esse movimento foi criticado por alguns dos produtores de Chianti Classico, preocupados que isso diminuiria o prestígio dos vinhos da região, como já havia acontecido em outras partes da Itália.

Chianti Classico foi reconhecida como uma D.O.C. (Denominação de Origem Controlada) em 1966, sendo elevada à uma D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida) em 1984.

Chianti Classico
Chianti Classico

Os vinhos ali produzidos ostentam, em seu rótulo, desde 1920, o selo do Gallo Nero, que se tornou uma referência para os vinhos Chianti de altíssima qualidade.

A história do Gallo Nero é bastante interessante. Reza a lenda que, durante o século XIII, as cidades de Florença e Siena estavam competindo pelos limites das fronteiras. Para resolver a disputa foi realizada uma competição.

Cada cidade mandaria ao primeiro cantar de um galo seu mais rápido cavaleiro e onde os dois cavaleiros se encontrassem seria definida a nova fronteira.

Siena, representada por um galo branco, foi a perdedora. Com Florença, com seu galo preto, sendo coroada a vencedora. Assim, a lenda do Gallo Nero perdura até hoje.

Gallo Nero
Gallo Nero

Os vinhos de Chianti Classico são divididos em três subcategorias, de acordo com o tempo de envelhecimento:

  • Chianti Classico Annata: envelhecido durante um período mínimo de doze meses em barris de carvalho;
  • Chianti Classico Riserva: envelhecido durante um período mínimo de vinte e quatro meses, sendo três meses na garrafa;
  • Chianti Classico Gran Selezione: envelhecido durante um período mínimo de trinta meses, sendo três meses na garrafa.

Chianti Colli Aretini

A sub-região de Chianti Colli Aretini fica localizada nas colinas da comuna de Arezzo, abrangendo o vale do rio Arno, que deságua em Florença.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Colli Aretini devem envelhecer durante um período mínimo de seis meses. 

Arezzo
Arezzo

Chianti Colli Fiorentini

A sub-região de Chianti Colli Fiorentini fica localizada nas colinas nos arredores da cidade de Florença, fazendo fronteira com Chianti Classico, ao norte, e com Chianti Rufina, ao nordeste.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Colli Fiorentini devem envelhecer durante um período mínimo de um ano.

Chianti Colli Senesi

A sub-região de Chianti Colli Senesi fica localizada nas colinas que fazem fronteira com a cidade de Siena. É a segunda maior sub-região, ficando atrás apenas de Chianti Classico.

Fica próxima de outras duas D.O.C.G. da Toscana, Brunello di Montalcino e Vino Nobile di Montepulciano

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Colli Senesi devem envelhecer durante um período mínimo de seis meses.

Siena
Siena

Chianti Colline Pisane

A sub-região de Chianti Colline Pisane fica localizada nas colinas que fazem fronteira com a cidade de Pisa. 

É a sub-região mais próxima do mar, contando com grande influência da brisa mediterrânea.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Colline Pisane devem envelhecer durante um período mínimo de seis meses.

Chianti Montalbano

A sub-região de Chianti Montalbano fica localizada nas colinas da comuna de Prato, a oeste de Florença e ao sul de Pistoia.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Montalbano devem envelhecer durante um período mínimo de seis meses.

Pistoia
Pistoia

Chianti Montespertoli

A sub-região de Chianti Montespertoli fica localizada nas colinas da comuna de Montespertoli, no coração da Toscana.

É a sub-região mais recente, estabelecida em 1997, antes fazendo parte de Chianti Colli Fiorentini.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Montalbano devem envelhecer durante um período mínimo de nove meses.

Chianti Rufina

A sub-região de Chianti Rufina fica localizada nas colinas da comuna de Rufina, a leste da cidade de Florença.

É considerada uma das mais nobres sub-regiões de Chianti, produzindo vinhos que rivalizam em qualidade com os de Chianti Classico.

Por contar com uma área reduzida, Chianti Rufina produz, em média, três milhões de garrafas ao ano, o que torna esses vinhos muito disputados.

Os vinhos elaborados dentro de Chianti Rufina devem envelhecer durante um período mínimo de um ano.

Rufina
Rufina

Como Harmonizar o Vinho Chianti?

O Chianti é um vinho tinto muito versátil, acompanhando uma grande variedade de pratos. 

Pratos à base de carnes vermelhas assadas e grelhadas são apostas certeiras. Se tiver a oportunidade, experimente com a Bistecca Alla Fiorentina.

Pizzas e massas com molhos à base de tomate são ótimas opções para combinar com a alta acidez do Chianti.

Agora, se a intenção é petiscar, um prato de queijos e frios e uma boa taça de Chianti é mais do que o suficiente. 

Bistecca Alla Fiorentina
Bistecca Alla Fiorentina

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