Trapiche é uma das mais renomadas e tradicionais vinícolas argentinas, com mais de cento e trinta anos de história.
Sergio Casé, Enólogo da Trapiche, concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, falando do pioneirismo da vinícola na produção de grandes vinhos argentinos e de rótulos que figuram entre os melhores vinhos do mundo, como Trapiche Terroir Series e Trapiche Vineyards, confira:
Trapiche é uma tradicional vinícola argentina, conte um pouco de sua história.
Trapiche é uma vinícola tradicional, com mais de cento e trinta e sete anos de idade.
Foi fundada por Tibúrcio Venega, governador da província de Mendoza.
Com o passar dos anos a empresa foi trocando de mãos.
Mas, desde sua fundação, Trapiche é vista como uma das marcas mais fortes e tradicionais da Argentina.
Com espírito inovador, a bodega sempre busca estar à altura dos grandes vinhos do mundo.
Mendoza é uma das mais renomadas regiões vitivinícolas argentinas. Qual o segredo deste terroir?
Uma ótima pergunta.
Mendoza concentra 75% de toda a produção vitivinícola da Argentina.
O clima da região é continental, mas conta com influência marítima.
Estamos próximos do Oceano Pacífico, mas existe uma grande barreira, a Cordilheira dos Andes.
Já do Oceano Atlântico a distância é de 1100 quilômetros.
É um terroir bastante particular, combinando diferentes altitudes nos vinhedos, de 800 a 1500 metros acima do nível do mar.
Graças à altitude temos muita exposição solar, o que permite que as uvas amadureçam plenamente, sendo muito concentradas, tanto em questão de fenóis, quanto de taninos.
São as condições ideais para os grandes vinhos que estão sendo produzidos em Mendoza.
E o segredo é justamente esse, a combinação da altitude com o clima seco.
Não temos problema com umidade, o que poderia gerar enfermidades nas vinhas.
Qual o melhor terroir da Argentina hoje: Gualtallary, Altamira?
A verdade é que não existe um terroir melhor, cada um tem suas características.
Os vinhos de Gualtallary são bastante minerais e com taninos intensos.
Já os Malbec de Altamira tendem a ser mais florais, mais elegantes, não tão duros e pesados.
Outras zonas, como Agrelo, na parte mais baixa do Vale do Uco, entre 800 e 900 metros de altitude, onde o solo é mais argiloso, produzem Malbec com acidez espetacular e taninos refinados.
Trapiche foi pioneira na introdução de vinhos ao estilo francês na Argentina. Como foi esse processo?
Trapiche foi a primeira bodega a elaborar grandes vinhos, ao estilo francês, na Argentina.
Em 1983, quando Trapiche completou cem anos, decidiu-se criar um grande Bordeaux Blend premium para exportação.
Fomos uma das vinícolas pioneiras na elaboração e exportação desse estilo de vinho.
Até aquele momento toda a produção na Argentina era voltada para o mercado interno.
Chegamos a consumir noventa litros per capita por ano na Argentina.
Nossa cultura tem muita influência dos italianos, dos espanhóis e um pouco menos dos franceses.
Consumimos vinho todos os dias.
A adega em Maipú é um verdadeiro ícone de Mendoza, que remonta ao ano de 1912. Como é integrar tradição e modernidade na produção dos vinhos?
Uma bodega com uma história de tantos anos é como um carro clássico.
Existem os carros elétricos ultramodernos, mas um carro clássico tem alma, poder e força, como um bom Chevy, um bom Ford.
Trapiche é uma bodega clássica, como muita história, que produz vinhos vibrantes de qualidade, figurando entre os melhores vinhos do mundo.
Além dos 1255 hectares de vinhedos próprios, Trapiche também trabalha com mais de trezentos produtores em Mendoza. Como é esse trabalho cooperativo?
Com essas parcerias podemos explorar os milhares de vinhedos que existem na Argentina, em Mendoza particularmente.
Experimentando as combinações entre a fruta, o clima e o solo de cada zona.
É uma das partes mais divertidas do meu trabalho.
Exige trabalho duro, mas é extremamente gratificante.
Trapiche Vineyards é uma das linhas mais populares da vinícola, como é sua produção?
Trapiche Vineyards é realmente uma linha bastante popular, com vinhos para todos os dias.
São rótulos fáceis de beber e refrescantes, sem ser demasiadamente complicados.
Trapiche Terroir Series Finca Coletto Malbec 2015 foi eleito como o Melhor Malbec do Mundo. Como foi ganhar esse reconhecimento?
As uvas da linha Trapiche Terroir Series vêm de um produtor parceiro.
Coletto é um vinhedo plantado em 1945, localizado na zona El Peral, a mil e duzentos metros acima do nível do mar.
Um terroir que proporciona uma fruta excepcional.
Orgulha-nos ter hoje um 100% Malbec típico de Mendoza e que foi eleito como o Melhor Malbec do Mundo.
É uma grande honra, pois muitas bodegas produzem ótimos Malbec.
Iscay Malbec & Cabernet Franc 2013 conquistou impressionantes 99 pontos de James Suckling. Qual o segredo deste grande vinho?
É um grande vinho.
Já faz dez anos que estou na Trapiche e Iscay foi o primeiro vinho que trabalhei, por isso, tenho muito carinho por essa gama.
Acredito que o grande êxito da safra de 2013 foi a seleção dos vinhedos.
É 65% Malbec de Gualtallary, a 1400 metros acima do nível do mar, em uma zona com solo calcário, mais alcalino.
E o Cabernet Franc vem de nossos vinhedos no sul do Vale do Uco, em Altamira. Uma zona que também tem solo calcário, mas mais arenoso.
As cepas Malbec e Cabernet envelhecem em barricas por doze meses separadamente e depois do assemblage, estagiam por mais seis meses em barrica.
Existe uma nova geração de jovens que estão descobrindo os prazeres dos vinhos, como é atender esse público?
É um público muito inquieto e entusiasta.
Muitos jovens já sabem um pouco da história, pois viram a família tomando vinho.
Existem também aqueles jovens que nunca tomaram vinho, mas que buscam trocar a cerveja por uma bebida mais suave.
Hoje em dia, existem vários estilos de vinhos para captar esse público jovem, como, por exemplo, um varietal reserva.
Conforme vão conhecendo mais o mundo do vinho, tendem a preferir rótulos com mais tempo de maturação em barrica.
Depois que se entra no mundo do vinho é muito difícil voltar atrás.
Quando se começa a sentir o sabor e alma do vinho não se quer outra coisa.
Quais rótulos da Trapiche você recomenda para os brasileiros experimentarem?
Para aqueles que ainda não experimentaram vinhos da Trapiche, a linha Trapiche Vineyards é um ótimo começo, para começar a entender as cepas Malbec, Cabernet Sauvignon e Chardonnay, sem passagem por madeira.
Depois temos Trapiche Fond de Cave Gran Reserva, que estagiam em barrica por dezoito meses, já são vinhos mais concentrados.
Já para os mais experientes temos a linha de alma gama Trapiche Terroir Series, que estagia em barrica por um período de um ano a um ano e meio.
São todos vinhos muito agradáveis e prontos para beber.
Não gosto da ideia que o cliente tenha que guardar o vinho por um longo tempo.
Prefiro que compre o vinho e já o desfrute.
O período necessário de guarda é aquele realizado na bodega.
Você encontra os melhores rótulos das Trapiche na DiVinho! E você, já provou os rótulos da vinícola?