A região vitivinícola da Borgonha é mundialmente conhecida pelos seus vinhos de estilo varietal, onde a Pinot Noir reina nos tintos e a Chardonnay nos brancos.
Mas os produtores da região estão avaliando incluir novas uvas na região, por conta de mudanças climáticas.
A DiVinho preparou esse artigo abordando as novas uvas na Borgonha, não deixe de conferir!
Produtores Avaliam Novas Uvas na Borgonha
Mudanças climáticas estão fazendo os viticultores da Borgonha avaliarem a introdução de novas uvas na região.
Nos últimos anos, a temperatura vem aumentando consideravelmente, tanto que a colheita de 2020 foi a que aconteceu mais cedo na história.
O clima quente na região preocupa os produtores. Pois as uvas tipicamente cultivadas na Borgonha, Pinot Noir e Chardonnay são variedades melhores adaptadas ao frio.
Isso significa que veremos uma Borgonha sem os clássicos vinhos Bourgogne Pinot Noir e Bourgogne Chardonnay?
Não é o caso. Viticultores estão experimentando com novos clones de Pinot Noir e Chardonnay, melhores adaptados ao clima mais quente e que possam preservar a elegância e a acidez típica dos vinhos da região.
Mas, alguns produtores da Borgonha avaliam explorar novas uvas na região.
Na verdade, essas uvas não são novas, mas variedades que já foram cultivadas na região há muito tempo atrás e que hoje ficaram esquecidas.
Alguns exemplos são as uvas Aubin, Roublot, Sacy, Melon de Bourgogne, César e Tressot. Abordaremos as características de cada uma dessas variedades a seguir.
Aubin
A Aubin é uma uva branca, originária da região de Lorraine, no nordeste da França.
Resultante de um cruzamento entre as variedades Gouais Blanc e Savagnin, a Aubin é cultivada principalmente na região vitivinícola do Vale do Rhône.
Com cachos de tamanho médio e bagos pequenos, a Aubin é uma casta de boa produtividade e pouco suscetível ao ataque de pragas.
Os vinhos produzidos com a uva Aubin apresentam acidez moderada, devendo ser consumidos ainda jovens.
Roublot
A Roublot é uma uva branca, originária do departamento de Yonne, localizado dentro da região vitivinícola da Borgonha, na França.
Estudos de DNA revelaram que a Roublot resulta de um cruzamento entre a casta Gouais Blanc e a família de uvas Pinot, sendo uma parente da Chardonnay, uma das mais famosas uvas brancas.
Durante o século XIX a uva Roublot chegou a ocupar um terço dos vinhedos da comuna de Saint-Bris-le-Vineux, a oeste de Chablis. Mas, após o advento da praga Filoxera, a variedade foi substituída pela Sauvignon Blanc.
Com cachos e bagos pequenos, a Roublot é uma variedade de produtividade irregular, sendo bastante suscetível ao oídio e à podridão cinzenta.
Os vinhos produzidos com a uva Roublot apresentam coloração amarela profunda, revelando um bouquet aromático delicado.
Sacy
A Sacy é uma uva branca, originária da Itália e que chegou à região vitivinícola da Borgonha, na França, durante o século XIII, pelas mãos de monges da Ordem Cisterciense.
Hoje, a uva Sacy é cultivada primariamente no Vale do Rhône e em Auvergne, onde atende pelo nome Tressalier.
Assim como a Roublot, a Sacy também deriva de um cruzamento entre a casta Gouais Blanc e a família de uvas Pinot.
Com cachos e bagos pequenos, a Sacy é uma uva de grande produtividade, tanto que seu cultivo foi proibido nas regiões de Besançon e Vermonton durante o século XVII, pois estava sendo utilizada na elaboração de vinhos de baixa qualidade.
Os vinhos produzidos com a uva Sacy são elegantes, contando com corpo leve, baixo teor alcoólico e ótima acidez.
Melon de Bourgogne
A Melon de Bourgogne é uma uva branca que, como o próprio nome indica, é originária da região vitivinícola da Borgonha, na França.
No início do século XVIII, fortes geadas foram responsáveis pela destruição da maior parte dos vinhedos da Melon de Bourgogne na Borgonha.
Hoje, a uva Melon de Bourgogne é primariamente cultivada na região do Vale do Loire, onde dá origem ao vinho Muscadet.
Resultante de um cruzamento entre as variedades Pinot Blanc e Gouais Blanc, a Melon de Bourgogne é uma uva que apresenta cachos de tamanho médio e bagos pequenos, sendo bastante suscetível ao míldio e à podridão cinzenta.
Um importante diferencial da Melon de Bourgogne é sua aptidão para o amadurecimento “sur lie” (sobre as borras finas), que agrega um maior frescor e riqueza aromática aos vinhos.
Os vinhos produzidos com a uva Melon de Bourgogne são frescos, apresentando acidez acentuada e coloração amarelo pálida com reflexos esverdeados.
César
A César é uma uva tinta, originária da região vitivinícola da Borgonha, onde já era cultivada há mais de dois milênios!
Hoje, a uva César é primariamente cultivada no departamento de Yonne, próximo à Dijon.
Reza a lenda que a casta teria sido introduzida na França por soldados da Legião Romana. Por conta disso, a uva também é conhecida pelos nomes Romain e Romano.
Com cachos pequenos e bagos de tamanho médio, a César é uma uva de grande produtividade, mas que é suscetível ao míldio e ao oídio.
Os vinhos produzidos com a uva César são frutados, contando com boa estrutura tânica e um grande potencial de envelhecimento.
Tressot
A Tressot é uma uva tinta, originária do departamento de Yonne, localizado dentro da região vitivinícola da Borgonha, na França.
A uva Tressot é considerada praticamente extinta, sendo cultivada em apenas uma pequena parte dos vinhedos do distrito de Chablis.
Resultante de um cruzamento entre as variedades Duras e Petit Verdot, a Tressot é uma uva que apresenta cachos de tamanho médio e bagos pequenos, sendo bastante suscetível ao oídio.
Por conta disso, é difícil encontrar vinhos produzidos com a uva Tressot hoje em dia.
E você, já conhecia alguma dessas uvas?