Catena Zapata é um dos maiores nomes do cenário vitivinícola da América Latina.

Kendy Silverio, Key Markets Specialist na Catena Zapata, concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, falando da tradição da família Catena Zapata, dos Vinhedos Adrianna e dos desafios da viticultura em altas altitudes, confira:

Catena Zapata é um vinícola argentina com mais de um século de tradição, conte um pouco dessa história. 

Catena Zapata foi fundada em 1902 por um imigrante italiano chamado Nicola Catena, que chegou do centro da Itália, da região de Marche, com um grande sonho e uma grande paixão pelo vinho.

Começou a plantar suas videiras, com uma preferência pelas cepas Bonarda e Malbec, e a fazer vinhos na Argentina no inicio do século vinte.

Seu filho, Domingo Vicente, foi um visionário do negócio do vinho, vendendo seu grande vinho em Buenos Aires, na época a Paris da América do Sul, chamado de Tinto Buenos Aires.

Um blend de Bonarda, Malbec e Petit Verdot que foi um grande sucesso.

Domingo casou-se com Angelica Zapata, daí o nome Catena Zapata, e tiveram um filho chamado Nicolás Catena.

Nicolás Catena Zapata
Nicolás Catena Zapata

Nicolás representava a terceira geração da família e já tinha um conhecimento bastante profundo de vinhos, por trabalhar com seu pai.

Sua mãe, Angelica, foi uma educadora e uma mulher muito importante em sua vida acadêmica, pois era a diretora da escola onde Nicolás estudava.

Infelizmente, Angelica faleceu quando Nicolás tinha dezoito anos. Em honra a ela temos o vinho Angelica Zapata.

Nicolás queria fazer uma revolução na viticultura argentina.

Em um almoço com Nicolás, François Lurton experimentou seus vinhos e declarou que lembrava um vinho de clima quente.

Mas Nicolás queria fazer um vinho de tipo Bordeaux, para isso foi até a Califórnia ver o que estava sendo feito por lá.

Voltou e mudou tudo na vinícola para produzir vinhos ao estilo bordalês.

Uma grande revolução que Nicolás proporcionou foi levar o Malbec até o limite de altitude, sendo capaz de amadurecer e entregar finesse e estrutura ao mesmo tempo.  

No vinhedo em Tupungato, batizado de Adrianna, nome de sua filha mais nova, em uma altura de mil e quinhentos metros.

Foi ali que descobriu que a uva Malbec amadurecia muito bem, pois havia muita intensidade solar, mas pelas baixas temperaturas o processo de amadurecimento era mais lento, resultando em um vinho bastante elegante.

Daí para frente Laura Catena assumiu a vinícola e tornou-a o que ela é hoje.

Uma marca mundial, não só um vinho, mas uma família com um nome admirado em todo mundo. E o resto é história.

Laura Catena Zapata
Laura Catena Zapata

Hoje a cepa Malbec é quase que sinônima com a Argentina, muito pelo trabalho da família da Catena, fale um pouco de como foi o processo de adaptação dessa casta francesa à região de Mendoza.

Muita gente não sabe, mas o Malbec era a uva que os enólogos misturavam em Bordeaux com a Cabernet Sauvignon para fazer aqueles grandes vinhos.

Por conta da filoxera o Malbec acabou desaparecendo, pois a cepa é bastante suscetível à praga.

Apesar de ser uma uva forte, também é delicada e demora mais a amadurecer.

Assim, a Malbec foi trocada pela Merlot, uma uva que também tem caráter frutado, mas é safrada antes e envelhece muito bem, sendo uma boa companhia para a Cabernet.

Mas o Malbec já havia sido trazido para a Argentina na época da colonização.

Por isso, temos Malbec de Pé Franco que se adaptou muito bem à Argentina.

O clima é muito favorável, mais seco, diminuindo o risco de pragas e doenças.

Hoje podemos falar que o melhor Malbec do mundo é argentino e a Catena tem a honra de fazer parte dessa história.

Vinhas de Malbec nos Vinhedos Angelica
Vinhas de Malbec nos Vinhedos Angelica

Os Vinhedos Adrianna são conhecidos como um Grand Cru da America do Sul, quais os desafios de se trabalhar a viticultura em altas altitudes?

É um desafio realmente.

O clima na região é inclemente, as temperaturas são extremas, principalmente o frio, e é muito seco.

O solo é muito pobre em matéria orgânica, fazendo com que as videiras sofram muito estresse.

Adrianna é provavelmente o vinhedo mais estudado do mundo.

Laura Catena criou o Catena Institute em 1995, que revolucionou a abordagem da viticultura, não só para a Catena, mas para a Argentina como um todo.

Temos um time de profissionais, enólogos e agrônomos, que estudam o relacionamento das raízes com o terroir, das rizobactérias das raízes com as pedras, por exemplo.

O direcionamento do vinhedo é feito em torno desse conhecimento.  

A função do Catena Institute é usar a ciência para preservar a natureza.

O vinhedo Adrianna é parcelado em diferentes lotes e cada lote tem características diferentes.

Um reflexo disso são dois vinhos brancos que produzimos, o Adrianna White Bones e o Adrianna White Stones.

No caso do White Bones o solo tem muitos restos fosseis, é um vinho estilo Mousseux da Borgonha.

Um vinho untuoso, oleoso, de acidez alta, mas que enche a boca. 

Já no White Stones são as pedras que contribuem para um vinho estilo Chablis, de acidez altíssima e mineralidade incrível.

O mais interessante é que tudo isso vem do terroir.

Vinhedos Adrianna
Vinhedos Adrianna

O Nicolás Catena Zapata é um ícone dos vinhos sul-americanos, fale um pouco desse grande rótulo.

Robert Parker o declarou como o Lafite fora da França.

Conta com a maior porcentagem de Cabernet Sauvignon e nas últimas safras além de Malbec, também adicionamos Cabernet Franc, que tem muita fragrância e dá uma elegância muito interessante ao vinho.

É o nosso vinho mais bordalês e elegantíssimo.

Evolui muito bem, tem vinte e quatro meses de carvalho francês e é um vinho onde mostramos o que é possível fazer com um blend de Cabernet e Malbec.

Bodega Catena Zapata
Bodega Catena Zapata

Existe uma nova geração de jovens que estão descobrindo os prazeres dos vinhos, como é atender esse público?

A primeira coisa é abrir a mente e experimentar tudo.  

Pois você define o que gosta e o que não gosta somente pela experiência. Catena é muito querida pelo público e seus vinhos atendem bem o paladar do brasileiro.

Você pode achar desde um vinho mais delicado e frutado até um rótulo mais encorpado e complexo, sendo uma boa vinícola para começar.

Temos muitas linhas e uvas diferentes além do Malbec, como Syrah, Chardonnay e Cabernet Franc.

É importante jogar fora os preconceitos relacionados ao vinho e deixar de pensar que todo vinho é igual.

Tem gente que fala que o melhor vinho do mundo é aquele que você gosta.

Eu concordo, mas a qualidade não é subjetiva.

O vinho deve ser mais democrático.

Experimente e curta, o vinho é para ser bebido e compartilhado com amigos. Uma ocasião especial é todos os dias.

Sala das Barricas Catena Zapata
Sala das Barricas Catena Zapata

Quais rótulos Catena Zapata você recomenda para os brasileiros?

Se você está começando no mundo do vinho sugiro a linha Catena, onde temos Cabernet Sauvignon, Malbec e Chardonnay.

Já se você já bebeu mais, foi visitar nossa vinícola na Argentina e está procurando coisas diferentes a recomendação é nossos vinhos de parcela Adrianna Vineyard.

Se você é mais especializado ainda, White Bones e White Stones são vinhos que você não pode deixar de experimentar.

Já se você procura um rótulo um pouco mais suave e encorpado as linhas DV Catena, Angelica Zapata e Catena Alta vão dar uma gama de opções para várias ocasiões.


Você encontra os melhores vinhos da Catena Zapata na DiVinho! E você, já provou os rótulos da vinícola?