Carmelo Patti é um experiente enólogo argentino.
Depois de quarenta anos de trabalho ele decidiu investir em um projeto pessoal e, em 1998, lançou sua linha de vinhos artesanais, inaugurando em Mendoza a moda dos “vinhos de garagem”.
Carmelo Patti concedeu uma entrevista exclusiva para a DiVinho, confira:
Você foi um pioneiro na criação de vinhos autorais na Argentina. Como foi esse processo?
Não foi fácil, mas o objetivo era fazer um produto e continuar produzindo-o por um longo tempo.
Já faço isso há trinta anos.
Creio que o estilo autoral foi bem recebido pelos consumidores.
São boas uvas e os vinhos passam pelo processo correto de envelhecimento, de modo que nunca sofram oxidação.
Mendoza é umas das celebradas regiões vitivinícolas argentinas. Quais os diferenciais deste terroir?
Todos terroirs em Mendoza são diferentes.
Falando de vinhos, na primeira zona temos Maipú e Luján de Cuyo. Depois vem o Vale do Uco, que também é bom.
São regiões diferentes, tanto no terroir, quanto nas variedades que melhor que se adaptam ao terroir.
Você não faz publicidade no vinhos, mas mesmo assim desfruta de um grande sucesso.
Realmente, não faço publicidade.
Não digo que meus vinhos são os melhores, mas quando você é fiel a um estilo e respeita o consumidor, o boca a boca não falha nunca.
E esse respeito significa que quando uma pessoa prova a primeira ou a última garrafa de uma safra a qualidade deve ser a mesma.
Seus vinhos já conquistaram altas notas pela crítica especializada, como de Robert Parker e do Guia Descorchados.
Ganhei muitos prêmios e muitas notas altas, mas isso não é algo com que me preocupo.
Me preocupo mais que as pessoas gostem do meu trabalho e apreciem os vinhos que produzo.
A produção é realizada de maneira artesanal em quantidades limitadas. Como é o trabalho nos vinhedos e na adega?
Quem é responsável pelos vinhedos é um amigo meu, um engenheiro agrônomo. Trabalhamos juntos há trinta anos.
Temos um conceito de trabalho, que se não é bom, não é bom.
Não podemos fazer um trabalho mediano.
Temos apenas uma linha de vinhos e quando as uvas não são boas, simplesmente não a produzimos.
Isso aconteceu no ano de 1998. Temos três Cabernets, 1996, 1997 e 1999.
A safra de 1998 não foi boa, então não produzimos naquele ano.
Não faz sentido colocar meu nome em um produto que não acredito.
Você produz ótimos varietais, como Carmelo Patti Malbec, Carmelo Patti Cabernet Sauvignon e Carmelo Patti Cabernet Franc. Fale um pouco destes rótulos.
Hoje em dia, para um enólogo é mais difícil fazer um blend.
Já com os varietais é mais fácil, quando a colheita está realmente boa é mais simples produzir um bom vinho.
Malbec é uma cepa muita típica da região de Mendoza.
Cabernet Sauvignon e Malbec têm momentos diferentes de colheita e cada um tem a sua tipicidade.
Já Cabernet Franc é uma casta que temos que ter muito cuidado no momento da colheita.
Nosso primeiro Cabernet Franc, a safra de 2013, foi apresentado no Guia Descorchados como Vinho Revelação.
A safra de 2015 é excelente e representa bem a tipicidade da região.
O Carmelo Patti Malbec é um vinho que gozou de grande reconhecimento pelo Guia Descorchados.
Me surpreendi quando em 2012 o Cabernet Sauvignon ficou entre os melhores.
Em 2012 saiu o Descorchados dizendo que o Malbec 2007 foi eleito o Melhor Tinto Argentino e o Melhor Malbec.
Acredito que esse reconhecimento ajuda o consumidor.
Mas para aquele consumidor que não conhece tanto de vinhos o sistema de pontos pode não ser o melhor guia. Pois, o melhor teste é um teste cego.
Carmelo Patti Gran Assemblage é um rótulo de grande sucesso, como é sua produção?
Esse assemblage foi produzido pensando no segredos do vinhos.
Varietais são feitos com somente uma uva, que por lei, pode ser uma proporção de 85% para 15%.
Já um blend é mais difícil de acertar. Se em um ano uma das cepas do corte não está boa não posso produzir o vinho.
Na safra de 2012 trabalhei quarenta dias para aperfeiçoar o blend com diferentes porcentagens de cada cepa, Cabernet Franc, Malbec e Cabernet Sauvignon.
É um vinho que estagiou por cinco anos na barrica.
Na safra de 2015 adicionei 5% de Merlot e 3% de Petit Verdot.
Por que os vinhos são lançados no mercado somente depois de quatro, cinco anos?
Não temos a cultura de guarda, cerca de 90% dos consumidores não têm o costume de guardar os vinhos.
Por isso, prefiro lançar os vinhos já depois desse período, pois se lanço mais cedo, com o vinho ainda jovem, o consumidor não vai apreciar da melhor maneira.
Você encontra os melhores rótulos de Carmello Patti na DiVinho! E você, já conhecia seu trabalho?