Se você é um amante dos vinhos de Bordeaux já deve ter se deparado com garrafas estampando o termo Grand Cru Classé em seu rótulo. Mas, afinal, o que isso significa?
Nesse artigo, nós, da DiVinho, vamos explicar a classificação dos vinhos de Bordeaux, não deixe de conferir!
Classificação de Vinhos de Bordeaux de 1855
Em 1855, o Imperador da França, Napoleão III, sobrinho e herdeiro do famoso Napoleão Bonaparte, solicitou que os vinhos de Bordeaux fossem classificados em sistema, de modo a serem exibidos na Exposição Universal de 1855, realizada em Paris.
Dessa forma, representantes da indústria classificaram os vinhos de acordo com a reputação e o preço de comercialização, que na época estava diretamente relacionado à qualidade.
A classificação mais famosa é a de vinhos tintos, que abrange 61 propriedades. Mas também foi realizada uma hierarquização dos vinhos de sobremesa, abrangendo 27 propriedades.
Uma peculiaridade dessa classificação é que ela refere-se à propriedade e não aos vinhedos.
Ou seja, um Château pode plantar novos vinhedos dentro da propriedade e esses, automaticamente, serão classificados como Cru Classé.
Entretanto, se um Château vende seus vinhedos para outra propriedade, essa propriedade não receberá os status de Cru Classé, já que a classificação é relacionada ao negócio e não a terra propriamente dita.
Por isso, na classificação podemos observar Châteaux que foram divididos ou combinados, mas que mantêm o título.
Outra curiosidade, em 1855 apenas algumas propriedades usavam o termo “Château” em seu nome, sendo essa hoje a nomenclatura mais popular.
Vinhos Tintos de Bordeaux
A classificação de vinhos tintos de Bordeaux abrange 60 crus do Médoc e 1 de Pessac-Léognan, Château Haut-Brion.
As propriedades foram divididas em cinco categorias: 5 Premiers Crus, 14 Deuxièmes Crus, 14 Troisièmes Crus, 10 Quatrièmes Crus e 18 Cinquièmes Crus.
Desde 1855, apenas uma revisão foi feita na lista, em 1976 o Château Mouton Rothschild foi promovido de Deuxième Cru para Premier Grand Cru Classé.
Premiers Crus
Château Lafite Rothschild
Originalmente conhecido como Château Lafite, de Pauillac, em 1868, a propriedade foi adquirida pelo Barão James de Rothschild, passando a se chamar Château Lafite Rothschild.
Entrando, a história do Château Lafite Rothschild começa muito antes, com a primeira menção ao nome Lafite remontando à 1234, com Gombaud de Lafite.
Jacques de Ségur tem o crédito de plantar os primeiros vinhedos, durante o século XVII.
A partir de 1716, o marquês Nicolas Alexandre de Ségur consolidou o sucesso do Château Lafite, principalmente na corte de Versalhes, onde ficou conhecido como “O Príncipe do Vinho” e Château Lafite como “O Vinho do Rei”.
Hoje, o Château Mouton Rothschild continua nas mãos da família Rothschild, através dos Domaines Barons de Rothschild (Lafite), sendo reconhecido como um dos melhores e mais caros vinhos do mundo!
Château Margaux
Como o próprio nome indica, o Château Margaux é oriundo da AOC (Apelação de Origem Controlada) de Margaux.
A história do Château Margaux remonta ao século XVI, quando a propriedade era conhecida como La Mothe de Margaux.
Pierre de Lestonnac adquiriu o Château Margaux em 1572, expandindo a área para 265 hectares, sendo um terço dedicado aos vinhedos, configuração que perdura até hoje.
Durante os últimos séculos, Château Margaux pertenceu a vários donos, sendo adquirido por André Mentzelopoulos em 1977.
Após a morte de André, em 1980, sua filha, Corinne Mentzelopoulos assumiu o controle do Château Margaux.
Château Haut-Brion
Originalmente conhecido como Haut-Brion, o Château Haut-Brion é a única propriedade da sub-região de Graves a entrar na classificação de 1855.
A viticultura na região remonta ao século I, entretanto, a constituição da propriedade é do ano 1525, quando Jean de Pontac casou-se com Jeanne de Bellon, a filha do prefeito de Libourne e senhor de Haut-Brion.
Após passar por vários donos ao longo dos séculos, o Château Haut-Brion foi adquirido por Clarence Dillon, em 1935.
Hoje, o Château Haut-Brion continua nas mãos da família, sob o comando do Príncipe Robert de Luxemburgo.
Château Mouton Rothschild
Originalmente conhecido como Mouton, de Pauillac, o Château Mouton foi adquirido pelo Barão Nathaniel Rothschild em 1853, passando a se chamar Château Mouton Rothschild.
O Château Mouton Rothschild foi classificado como um Deuxième Cru em 1855, o que só veio a mudar em 1976, quando foi realizada a única revisão da lista, sendo elevado ao status de Premier Cru.
Hoje, o Château Mouton Rothschild continua nas mãos da família Rothschild, através dos Domaines Barons de Rothschild (Lafite).
Château Latour
A história do Château Latour, de Pauillac, remonta ao ano de 1331.
O Château Latour foi uma propriedade da família Mullet até o final do século XVII, sendo herdado por Alexandre de Ségur, que pouco antes de sua morte, em 1716, também adquiriu o Château Lafite.
Mais recentemente, em 1993, o Château Latour foi adquirido por François Pinault.
Deuxièmes Crus
- Rauzan-Ségla, hoje conhecido como Château Rauzan-Ségla, de Margaux.
- Rauzan-Gassies, hoje conhecido como Château Rauzan-Gassies, de Margaux.
- Léoville, hoje dividido entre Château Léoville-Las Cases, Château Léoville-Poyferré e Château Léoville-Barton, de St.-Julien.
- Vivens Durfort, hoje conhecido como Château Durfort-Vivens, de Margaux.
- Gruaud-Laroze, hoje conhecido como Château Gruaud-Larose, de St.-Julien.
- Lascombes, hoje conhecido como Château Lascombes, de Margaux
- Brane, hoje conhecido como Château Brane-Cantenac, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Pichon Longueville, hoje dividido entre Château Pichon Longueville Baron e Château Pichon Longueville Comtesse de Lalande, de Pauillac.
- Ducru Beau Caillou, hoje conhecido como Château Ducru-Beaucaillou, de St.-Julien.
- Cos Destournel, hoje conhecido como Château Cos d’Estournel, de St.-Estèphe.
- Montrose, hoje conhecido como Château Montrose, de St.-Estèphe.
Troisièmes Crus
- Kirwan, hoje conhecido como Château Kirwan, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Château d’Issan, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Lagrange, hoje conhecido como Château Lagrange, de St.-Julien.
- Langoa, hoje conhecido como Château Langoa-Barton, de St.-Julien.
- Giscours, hoje conhecido como Château Giscours, de Labarde-Margaux, em Margaux.
- St.-Exupéry, hoje conhecido como Château Malescot St. Exupéry, em Margaux.
- Boyd, hoje dividido entre Château Cantenac-Brown, de Cantenac-Margaux, em Margaux, e Château Boyd-Cantenac, de Margaux.
- Palmer, hoje conhecido como Château Palmer, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Lalagune, hoje conhecido como Château La Lagune, de Ludon, no Haut-Médoc.
- Desmirail, hoje conhecido como Château Desmirail, de Margaux.
- Calon, hoje conhecido como Château Calon-Ségur, de St.-Estèphe.
- Ferrière, hoje conhecido como Château Ferrière, de Margaux.
- Becker, hoje conhecido como Château Marquis d’Alesme Becker, de Margaux
Quatrièmes Crus
- St.-Pierre, hoje conhecido como Château Saint-Pierre, de St.-Julien.
- Talbot, hoje conhecido como Château Talbot, de St.-Julien.
- Du-Luc, hoje conhecido como Château Branaire-Ducru, de St.-Julien.
- Duhart, hoje conhecido como Château Duhart-Milon, de Pauillac.
- Pouget-Lassale e Pouget, hoje combinados no Château Pouget, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Carnet, hoje conhecido como Château La Tour Carnet, de St.-Laurent, no Haut-Médoc.
- Rochet, hoje conhecido como Château Lafon-Rochet, de St.-Estèphe.
- Château de Beychevelle, hoje conhecido como Château Beychevelle, de St.-Julien.
- Le Prieuré, hoje conhecido como Château Prieuré-Lichine, de Cantenac-Margaux, em Margaux.
- Marquis de Thermes, hoje conhecido como Château Marquis de Terme, em Margaux.
Cinquièmes Crus
- Canet, hoje conhecido como Château Pontet-Canet, de Pauillac.
- Batailley, hoje dividido entre Château Batailley e Château Haut-Batailley, de Pauillac.
- Grand Puy, hoje conhecido como Château Grand-Puy-Lacoste, de Pauillac.
- Artigues Arnaud, hoje conhecido como Château Grand-Puy-Ducasse, de Pauillac.
- Lynch, hoje conhecido como Château Lynch-Bages, de Pauillac.
- Lynch Moussas, hoje conhecido como Château Lynch-Moussas, de Pauillac.
- Dauzac, hoje conhecido como Château Dauzac, de Labarde, em Margaux.
- Darmailhac, hoje conhecido como Château d’Armailhac, de Pauillac.
- Le Tertre, hoje conhecido como Château du Tertre, de Arsac, em Margaux.
- Haut Bages, hoje conhecido como Château Haut-Bages-Libéral, de Pauillac.
- Pédesclaux, hoje conhecido como Château Pédesclaux, de Pauillac.
- Coutenceau, hoje conhecido como Château Belgrave, de St.-Laurent, no Haut-Médoc.
- Camensac, hoje conhecido como Château de Camensac, de St.-Laurent, no Haut-Médoc.
- Cos Labory, hoje conhecido como Château Cos Labory, de St.-Estèphe
- Clerc Milon, hoje conhecido como Château Clerc-Milon, de Pauillac.
- Croizet-Bages, hoje conhecido como Château Croizet Bages, de Pauillac.
- Cantemerle, hoje conhecido como Château Cantemerle, de Macau, no Haut-Médoc.
Vinhos de Sobremesa de Bordeaux
Apesar de menos conhecida que a classificação dos vinhos tintos, em 1855 também foi realizada a classificação de vinhos de sobremesa de Bordeaux, abrangendo Sauternes e Barsac.
São 27 crus, divididos entre 1 Premier Cru Supérieur, 11 Premiers Crus e 15 Deuxièmes Crus.
Premier Cru Supérieur
Château d’Yquem
Previamente conhecido como Yquem, o Château d’Yquem é o único Premier Cru Supérieur de Bordeaux, produzindo um dos melhores vinhos de sobremesa do mundo, o Vinho Château d’Yquem Sauternes.
A história do Château d’Yquem remonta à Idade Média, quando a propriedade pertencia ao Rei da Inglaterra, que também somava o título de Duque da Aquitânia.
Em 1593, as terras foram concedidas ao nobre Jacques Sauvage, responsável por construir o Château, revitalizando seus vinhedos.
Em 1711, a família Sauvage torna-se a única proprietária de Château d’Yquem, pelas mãos do Rei Luís XIV.
No ano de 1785 acontece um fato importante, Françoise Joséphine de Sauvage d’Yquem casa-se com o Conde Louis Amédée de Lur-Saluces.
Em 1996, o Château d’Yquem foi adquirido pelo grupo LVMH Moët Hennessy-Louis Vuitton, que também é dono da Moët & Chandon, uma das mais famosas e sofisticadas casas de Champagne.
Premier Crus
- Latour Blanche, hoje conhecido como Château La Tour Blanche, de Bommes, em Sauternes.
- Peyraguey, hoje dividido entre Château Lafaurie-Peyraguey e Château Clos Haut-Peyraguey, de Bommes, em Sauternes.
- Vigneau, hoje conhecido como Château de Rayne-Vigneau, de Bommes , em Sauternes.
- Suduiraut, hoje conhecido como Château Suduiraut, de Preignac, em Sauternes.
- Coutet, hoje conhecido como Château Coutet, de Barsac.
- Climens, hoje conhecido como Château Climens, de Barsac.
- Bayle, hoje conhecido como Château Guiraud, de Sauternes.
- Rieusec, hoje conhecido como Château Rieussec, de Fargues, em Sauternes.
- Rabeaud, hoje dividido entre Château Rabaud-Promis e Château Sigalas-Rabaud, de Bommes, em Sauternes.
Deuxième Crus
- Mìrat, hoje conhecido como Château de Myrat, de Barsac.
- Doisy, hoje dividido entre Château Doisy Daëne, Château Doisy-Dubroca e Château Doisy-Védrines, de Barsac.
- D’arche, hoje conhecido como Château d’Arche, de Sauternes.
- Filhot, hoje conhecido como Château Filhot, de Sauternes.
- Broustet Nérac, hoje dividido entre Château Brouste e Château Nairac, de Barsac.
- Caillou, hoje conhecido como Château Caillou, de Barsac.
- Suau, hoje conhecido como Château Suau, de Barsac.
- Malle, hoje conhecido como Château de Malle, de Preignac, em Sauternes.
- Romer, hoje dividido entre Château Romer e Château Romer du Hayot, de Fargues, em Sauternes.
- Lamothe, hoje dividido entre Château Lamothe e Château Lamothe-Guignard, de Sauternes.
E você, já conhecia a classificação de vinhos de Bordeaux?