Blend é um termo bastante utilizado no mundo dos vinhos, mas, você sabe o que ele significa?
Descubra, nesse artigo da DiVinho, o que é blend, porque ele é realizado, quais são os principais tipos de blends e muito mais!
O Que é Blend?
No mundo dos vinhos, blend, também chamado de corte e assemblage, é o termo utilizado para definir a técnica utilizada por enólogos que mescla duas ou mais uvas para produzir um tipo único de vinho.
Também é chamado de blend o processo de misturar vinhos base de diferentes anos, como é realizado na elaboração do Champagne, o espumante mais famoso do mundo.
E não é só isso, o blend também pode fazer referência a combinação de uvas oriundas de diferentes regiões, solos ou mesmo parcelas dentro de um mesmo vinhedo.
Por que é realizado o Blend?
São vários os motivos que levam um enólogo, ou produtor, a optar pelo blend de uvas na hora de produzir um vinho.
Entre eles, vale destacar características como complexidade, equilíbrio, riqueza aromática e consistência de safra após safra, entre outros.
Também existe um ponto importante, a tradição.
No Velho Mundo, em países com uma longa tradição vitivinícola, como é o caso da França, Itália, Portugal e Espanha, o estilo dos vinhos tende a destacar mais o terroir de origem, do que as uvas propriamente ditas.
Isso é diferente no Novo Mundo, em países como Argentina, Chile, Uruguai e Brasil, onde o que está mais proeminente no rótulo de um vinho normalmente é a uva.
Então, o blend é melhor que o varietal? Não necessariamente, depende muito do que se procura em um vinho.
Os vinhos de assemblage Velho Mundo tendem a ser mais austeros, revelando grande estrutura. Enquanto os vinhos varietais do Novo Mundo costumam ser mais frescos e fáceis de beber.
Mas isso não é uma regra! Existem ótimos blends no Novo Mundo, assim como, excelentes vinhos varietais no Velho Mundo.
Quais são os Principais Blends?
Como mencionado, países do Velho Mundo, como França, Itália, Portugal e Espanha especializaram-se na arte do assemblage, através de uma longa tradição, que abrange séculos e até mesmo milênios.
Confira, a seguir, alguns dos mais tradicionais tipos de blends.
Blend de Bordeaux
O blend tinto de Bordeaux é um dos mais famosos do mundo, dando origem a alguns dos melhores, e mais caros vinhos, como o Château Lafite Rothschild e o Château Margaux.
As uvas Cabernet Sauvignon e Merlot costumam representar a espinha dorsal desse assemblage, com variedades como Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot e Carménère constituindo o restante do corte.
Mas não é só de tintos que vive Bordeaux, a região também conta com um blend branco, normalmente composto pelas variedades Sémillon e Sauvignon Blanc. Alguns produtores também optam por adicionar um toque da uva Muscadelle no corte.
Blend de Châteauneuf-du-Pape ou GSM
Châteauneuf-du-Pape é a A.O.C (Apelação de Origem Controlada) mais conhecida e expressiva da região do Vale do Rhône e também conta com um blend bastante característico.
A base do corte dos vinhos da região é o blend GSM. Sendo “G” de Grenache, “S” de Syrah e “M” de Mourvèdre.
Em Châteauneuf-du-Pape, entretanto, são permitidas outras quinze variedades no assemblage dos vinhos, totalizando dezoito uvas permitidas, entre castas tintas e brancas.
Além das já mencionadas Grenache, Syrah e Mourvèdre, são permitidas as uvas tintas Counoise, Cinsault, Muscardin, Vaccarèse, Picpoul Noir, Terret Noir e Grenache Gris, e as castas brancas Grenache Blanc, Roussanne, Clairette, Bourboulenc, Clairette Blanche, Picardan, Picpoul Blanc e Picpoul Gris.
Blend de Champagne
Sem dúvidas, o espumante mais famoso do mundo, o Champagne, é tradicionalmente elaborado a partir do corte de três uvas, as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, e a branca Chardonnay.
A legislação da região também permite, em menor quantidade, outras quatro variedades no blend de Champagne, Arbane, Petit Meslier, Pinot Blanc e Pinot Gris.
Entretanto, a maioria esmagadora dos produtores, mais de 99%, opta por seguir o corte tradicional de Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.
Até o início dos anos 1960 a Gamay também era permitida no blend de Champagne, quando foi proibido seu uso, devido a preocupações em relação à qualidade das uvas que estavam sendo produzidas na região. Essa proibição perdura até hoje.
Blend de Provence
Provence, no sudoeste da França, é conhecida como Capital Mundial do Rosé e não é à toa, já que os vinhos rosés ali produzidos destacam-se como alguns dos melhores do mundo!
O clássico blend de Provence é composto pelas uvas tintas Cinsault, Grenache e Syrah. Alguns produtores também costumam incluir no corte a uva branca Vermentino, também conhecida como Rolle.
Blend do Cava
O espumante Cava é o equivalente espanhol ao Champagne francês e ao Prosecco italiano.
O Cava é produzido na região vitivinícola de Penedès, dentro da comunidade autônoma da Catalunha, no nordeste da Espanha.
O blend do Cava é tradicionalmente composto pelas castas Macabeo, Parellada e Xarel-lo, que são uvas autóctones de Penedès.
A legislação da região também permite, em menores quantidades, as uvas Chardonnay, Subirat, Grenache, Monastrell, Pinot Noir e Trepat no corte do Cava.
Blend do Porto
Por fim, é impossível falar de blend e não mencionar o Vinho do Porto, um dos rótulos mais famosos de Portugal, produzido dentro da região vitivinícola do Douro.
O Vinho do Porto, um dos mais expressivos exemplos de vinho fortificado, é comumente elaborado a partir do corte das uvas Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Cão e Tinta Barroca.
Já o Vinho do Porto Branco é tradicionalmente produzido com um blend das uvas Malvasia Fina, Gouveio, Códega e Rabigato.
E você, já sabia o que era blend?